O FaceApp é um serviço russo que surgiu em 2017 e utiliza inteligência artificial para modificar o rosto das pessoas de forma divertida. Ele permite deixar o indivíduo com aparência envelhecida, rejuvenescida, experimentar diferentes cortes de cabelo etc.
Nos últimos dias, a internet brasileira parece ter se tornado um “lar da melhor idade”. Várias pessoas, inclusive famosos, passaram a postar selfies com suas versões idosas. O FaceApp, apesar de se apresentar como um aplicativo aparentemente inocente, pode ser extremamente invasivo em relação à privacidade.
O FaceApp possui uma política de privacidade bastante genérica. A política de privacidade, aquela que nenhum de nós lê, do aplicativo em questão permite além da coleta das fotos inseridas para aplicação dos filtros outras informações sensíveis como, identificadores do aparelho celular, e-mail, dados de localização.
Ao utilizar o FaceApp, o usuário além de concordar com a coleta dos dados acima, também concordam com o compartilhamento dessas informações com serviços do mesmo grupo e ainda com “afiliados”, o quais não informados pelo app.
E mais, o usuário concorda que os dados coletados podem ser utilizados nos EUA ou em qualquer outro país em que o FaceApp e seus provedores possuam instalações, inclusive para fins de informação personalizada para anúncios de marketing.
SEGURANÇA
Não espere segurança do FaceApp, pois consta expressamente em sua política de privacidade que o app "não pode garantir a segurança das informações que você transmite ao FaceApp ou garantir que essas informações no serviço não possam ser acessadas, abertas, alteradas ou destruídas".
LGPD
O FaceApp, caso estivesse disponível nas lojas de aplicativos brasileiras em agosto de 2020 obrigatoriamente teria de ser removido. O aplicativo colide frontalmente com a Lei Geral de Proteção de Dados que passará a vigorar a partir do próximo ano.
Princípios como finalidade, adequação, necessidade e transparência não são compatíveis com políticas tão amplas e genéricas como a do FaceApp. Isso sem mencionar a questão do consentimento do usuário, que deve ocorrer de forma inequívoca e para finalidades específicas.
RECONHECIMENTO FACIAL
Mas o que de ruim pode acontecer com o compartilhamento indiscriminado das minhas selfies?
A selfie que você tira pode ser usada principalmente para alimentar bancos de dados usados para treinar câmeras de reconhecimento facial. No mundo todo nossas imagens estão sendo utilizadas para treinar essas bases de dados sem nosso consentimento.
Recentemente no Rio de Janeiro uma pessoa foi confundida por um sistema de reconhecimento facial, sendo conduzida à delegacia por ser “suspeita do cometimento de delitos”.
Portanto, devemos ter cautela ao fornecer indiscriminadamente nossas informações e dados pessoais aos aplicativos do momento.
Fonte: JusBrasil
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